O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do DEM, recebeu nesta quinta um grupo de lideranças de peso do partido para um almoço em sua casa. Estiveram presentes Jorge Bornhausen, presidente de honra, os senadores Demóstenes Torres (GO) e Kátia Abreu (TO), os deputados Paulo Bornhausen (SC) e Índio da Costa (RJ) e Guilherme Afif Domingos, vice-governador eleito de São Paulo. Qual o objetivo? Reerguer o partido. É consenso que, na atual marcha, o DEM definha.
Kassab mantém conversações com o PMDB? A essa altura, essa interlocução já é pública e é conduzida por Michel Temer, vice-presidente eleito. Uma eventual fusão com o PMDB agradaria a muitas lideranças da legenda, que encontram em seus respectivos estados mais facilidades de composição com esse partido do que com o PSDB, com quem outros tantos gostariam de se juntar. Com um PSDB qualquer? Não! Só se for com o de Aécio Neves, senador eleito de Minas. Bem, qual é a natureza então do imbróglio? Reerguer, fundir com um ou fundir com outro?
A prioridade do grupo que almoçou nesta quinta é mesmo reerguer, lançar candidatos a prefeitos em todas as cidades que contarem com horário político na TV para dar visibilidade ao partido e caminhar para uma candidatura própria à Presidência da República. Mas, para isso, entendem que precisam disputar, segundo as regras do jogo, o comando do partido, hoje presidido pelo deputado Rodrigo Maia (RJ), que conta com o apoio dos deputados ACM Neto (BA) e Ronaldo Caiado (GO), e lhe dar vida nova. Há quem considere que, dada a trilha atual, o partido perde qualquer autonomia e se torna ou um apêndice da eventual pretensão presidencial de Aécio ou um celeiro para adesões feitas no varejo pelas grandes legendas.
E se esse reerguimento falhar? Bem, aí tudo indica que ninguém leva o DEM de porteira fechada. A "opção PMDB" está dada não apenas para Kassab, mas também para muitos outros líderes, e haverá certamente quem prefira o PSDB ou outra legenda qualquer. A questão, pois, é menos de fusão com este ou com aquele do que de dissolução — e cada um, então, que procure o seu rumo.
O DEM e a democracia
Quem lucra com o eventual desaparecimento do DEM ou com sua redução à expressão mínima, cumprindo uma predição de Luiz Inácio Lula da Silva? A resposta é esta: NINGUÉM — a não ser aqueles que eventualmente ficassem com o espólio do partido, enquanto esse ativo durasse ao menos — o que, no Congresso, corresponderia ao período de uma legislatura. Em muitos estados, lideranças de relevo acabariam sendo coadjuvantes ou de tucanos ou de peemedebistas.
O Brasil que está aí pede lideranças fortes e vigilantes de oposição. Motivos para tanto existem — eu mesmo fiz o elenco de alguns temas que pedem essa vigilância: olhem para o escândalo financeiro do Panamericano; reflitam sobre os absurdos contidos na MP do Trem-Bala… Mas, para tanto, é preciso que exista um partido organizado para atuar. Se a lógica for a da subordinação a quem quer que seja ou a da lenta dissolução, então é melhor mesmo que cada um siga o seu rumo.
Acho que é isto: ou se reergue ou acaba. Que aconteça o melhor! Por mais absurdo que pareça dizer isto, num momento em que a maioria governista no Congresso é esmagadora, o campo para a oposição raramente foi tão fértil — e assim será, acreditem, nos próximos anos. O maior ativo do DEM é a sua independência. Mas ela tem de ser exercida de forma maiúscula e clara.
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